28 janeiro 2014

Terra arrasada

Eu li esse "Manifesto pela ocupação amorosa dos corações vazios" e achei tão bonito. Mas, desde que eu o li, tem algo incomodando aqui dentro. Eu li, achei bonito, como quem cruza por uma casa bonita na rua, admira, e segue em frente. Sem impacto nenhum. Sem despertar um sonho, sem fazer vibrar a vontade de ter algo parecido para mim de novo.

Isso me assustou. Porque muita gente me pergunta porque estou sempre sozinha ("uma mulher tão inteligente, tão engraçada, independente, vejam só"). E eu sempre respondo, com a maior sinceridade, que me sinto bem assim. A minha vida tá tão boa, com tanto amor de outros tipos, e um trabalho que me permite ser feliz, que não vejo espaço, mesmo, para mais ninguém no momento. Claro que volta e meia me questiono se é realmente não querer ou medo de querer, e quase sempre o não querer vence na análise racional.

Mas, ao ler esse texto,  incomodou perceber que é mais que não querer. Eu não acredito mais. Eu vejo os namoros felizes dos amigos, os casamentos duradouros, as pessoas apaixonadas, e acho lindo, mas não acredito. E não é medo de sofrer, que isso eu nunca nem tive, acho que vale mais a pena quebrar a cara do que não viver. Não é problema de autoestima, por achar que eu não mereço ser feliz - até porque estou feliz agora. É justamente por não conseguir acreditar que alguém vá me fazer ainda mais feliz, do jeito que EU mereço.

O autor fala ali e compara o coração à terra fértil, e doeu em mim - romântica inveterada - perceber que as sucessivas cheias, secas e queimadas da última ocupação, ao que tudo indica, transformaram o meu em terra arrasada. Sei lá, talvez ainda renda uma plantação de soja :)





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