23 julho 2012

Período sabático


As férias estão acabando, e eu nem sei o que dizer delas. Se alguém parar e me perguntar “o que você fez?” , a resposta vai ser quase automática: nada. Não viajei a nenhum país exótico (o Rio Grande do Sul por 24 horas conta? Hehe), não fiz grandes loucuras, não tomei grandes porres, (quase) não tenho histórias para contar. No entanto, há tempos umas férias não me levavam para tão perto de mim mesma.

Vi o sol nascer e se pôr na estrada. Vi outros tantos ‘pores-do-sol’ em Floripa, o que é algo sempre espetacular. Me molhei na chuva, molhei o pé no mar, sequei no sol, deitei na grama, passeei. Pensei até fundir a cuca, até achar que estava louca. Senti saudade. Ri muito. Chorei.

Descobri que talvez eu seja mesmo ingênua demais pra esse mundo, ao confiar em pessoas que me decepcionaram de um jeito que não machucou, mas ainda não entendi. Reencontrei amigas de toda uma vida, e só tive a certeza de que, onde eu estiver, elas estarão sempre comigo – para ajudar na festa do Enzo, para um café, para uma volta no parque. Curti muito o Enzo enquanto ele esteve junto, rezei, me aproximei dessa força maior que, de um jeito que não entendemos, faz tudo ter sentido. Fiz planos que pretendo realizar em breve. Li muito, vi muitos filmes, algumas séries, fiquei na cama só pelo prazer de estar nela.

E, mesmo não tendo feito “nada”, descobri que aceitar os meus sentimentos e vivê-los intensamente, dizer eu te amo (para mim mesma, inclusive) e acreditar no amanhã é viver a minha verdade. E, quando se vive a própria verdade, o mundo vira tão somente um palco para a realização dos nossos sonhos.



E é atrás deles que eu vou correr agora. Quer vir comigo?

22 fevereiro 2012

Outro da limpa de emails

Esse escrito em maio de 2003... será que eu não cresci nada? rs


A gente pensa que ama, porque é bom estar junto, porque é bom conversar e olhar nos olhos e às vezes olha sem dizer nada e é muito bom também. A gente pensa que ama porque aprende a conhecer o outro, as suas manias, as virtudes e os defeitos, e continua sendo muito bom estar junto. A gente pensa que ama e cria um mundo de segurança e felicidade ao nosso redor.

E aí a gente pensa que há algum problema. Porque o outro já não quer te ver hoje, só amanhã, porque saiu atrasado para o trabalho e esqueceu do beijo de despedida, porque não quis abrir mão de sair com os amigos pra ficar mais um pouquinho com a gente. A gente pensa que há algum problema e cria um mundo de desconfiança e medo, medo de perder aquele que a gente pensa que ama.

E aí a gente pensa que não vale a pena amar. E começa a tentar esquecer, a achar outras distrações, a se concentrar mais no trabalho. E começa a tratar mal aquele que pensávamos amávamos e que talvez já não o amemos tanto assim.

E aí a gente se afasta. E parte em busca de uma vida longe daquilo que a gente pensava que era amor, longe daquilo que a gente pensava que era algum problema, longe daquilo que a gente pensava que não valia a pena.

Às vezes dá certo. Porque não era amor mesmo. Mas, outras vezes, não dá. E aí a gente pensa que pode esquecer mais não consegue, pensa que não era o momento certo, que não ia dar certo mesmo, mas não se convence. A gente pensa que consegue superar e tenta voltar atrás, mas o mundo de desconfiança e medo ainda está ao nosso redor (afinal, a gente continua com medo de estar fazendo tudo errado) e aí a gente faz tudo errado mesmo. Tenta não repetir os erros e repete.

Tenta entender que aquele aparente desinteresse é normal, que não se vive 100% do tempo apaixonado, mas não entende. Tenta pensar de novo que vale a pena mar e não consegue. E aí o amor, que a gente pensava que era e depois pensou que não era mas agora a gente tem certeza que é, vira uma dorzinha triste, que fica incomodando no cantinho do peito.

E aí a gente finge. Finge que leva uma vida normal, que está feliz no trabalho e que adora sair sozinha e se divertir com os amigos. Finge que não se preocupa com o amor, porque sabe que na hora certa ele vai aparecer, mas a gente não conta pra ninguém que, no fundo, a gente sabe que ele já veio e a gente deixou passar.