22 dezembro 2006
Diário de uma grávida
"Muitas gestantes notarão que seu corpo apresenta um reticulado de veias azuis finíssimas, sem saber o que causa isso. Isso se deve ao seu sistema circulatório, que devido ao maior volume de sangue associado à gravidez que circula em seu corpo, forma este reticulado em seu corpo."
Quem me conhece bem sabe que minha alva pele deixa à mostra praticamente todas as minhas veias. Quando era pequena, morria de vergonha, depois até superei. Sempre brinco que eu podia servir de exemplo em aulas de ciência sobre circulação sangüínea.
Então, minha preocupação é a seguinte: se aparecerem mais veias azuis na minha pele, será que eu vou acabar virando um smurf????
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Saindo de férias oficialmente hoje. Por isso, demorarei mais para atualizar aqui, ok? (sim, mais que normal, hehe)
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Meu 2006 foi de tudo. Tudo mesmo. Muito feliz, muito triste, muito calmo, muito corrido. Foi o ano em que tudo aconteceu. E quero deixar aqui meu Feliz Natal e Feliz Ano Novo a todos que vieram aqui compartilhar um pouquinho da minha vida, elevar o meu astral, dar carinho, deixar recadinhos... Que venha 2007!!!
18 dezembro 2006
Pelos poderes de Grayskull
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Eu prometo que depois das férias apareço com mais freqüência por aqui. Mas já aviso que isso não vai virar um blog de bebê. Quer saber do rebento, call me . :)
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Apesar da rabugentice acima, tenho que registrar: MUUUUUUUUUITO obrigada a todos pelas palavras de carinho e congratulações pelo baby. Sei que é grande a força positiva para que tudo dê certo! Brigadão mesmo! :)
13 dezembro 2006
O Filho Que Eu Quero Ter *
É comum a gente sonhar, eu sei, quando vem o entardecer
Pois eu também dei de sonhar um sonho lindo de morrer
Vejo um berço e nele eu me debruçar com o pranto a me correr
E assim chorando acalentar o filho que eu quero ter
Dorme, meu pequenininho, dorme que a noite já vem
Teu pai está muito sozinho de tanto amor que ele tem
De repente eu vejo se transformar num menino igual à mim
Que vem correndo me beijar quando eu chegar lá de onde eu vim
Um menino sempre a me perguntar um porque que não tem fim
Um filho a quem só queira bem e a quem só diga que sim
Dorme menino levado, dorme que a vida já vem
Teu pai está muito cansado de tanta dor que ele tem
Quando a vida enfim me quiser levar pelo tanto que me deu
Sentir-lhe a barba me roçar no derradeiro beijo seu
E ao sentir também sua mão vedar meu olhar dos olhos seus
Ouvir-lhe a voz a me embalar num acalanto de adeus
Dorme meu pai sem cuidado, dorme que ao entardecer
Teu filho sonha acordado, com o filho que ele quer ter.
* Óbvio que pode ser menina. Mas não ia estragar a letra dessa música, que é tão linda.
07 dezembro 2006
Amizade
Juan Gelman me contou que uma senhora brigou a guarda-chuvadas, numa avenida de Paris, contra uma brigada inteira de funcionários municipais. Os funcionários estavam caçando pombos quando ela emergiu de um incrível Ford bigode, um carro de museu, daqueles que funcionavam à manivela; e brandindo seu guarda-chuva, lançou-se ao ataque.
Agitando os braços, abriu caminho, e seu guarda-chuva justiceiro arrebentou as redes onde os pombos tinham sido aprisionados. Então, enquanto os pombos fugiam em alvoroço branco, a senhora avançou a guarda-chuvadas contra os funcionários.
Os funcionários só atinaram em se proteger, como puderam, com os braços, e balbuciavam protestos que ela não ouvia: mais respeito, minha senhora, faça-me o favor, estamos trabalhando, são ordens superiores, senhora, por que não vai bater no prefeito?, senhora, que bicho picou a senhora?, esta mulher endoidou...
Quando a indignada senhora cansou o braço, e apoiou-se numa parede para tomar fôlego, os funcionários exigiram uma explicação. Depois de um longo silêncio, ela disse:
- Meu filho morreu.
Os funcionários disseram que lamentavam muito, mas que eles não tinham culpa. Também disseram que naquela manhã tinham muito o que fazer, a senhora compreende...
- Meu filho morreu – repetiu ela.
E os funcionários: sim, claro, mas que eles estavam ganhando a vida, que existem milhões de pombos soltos por Paris, que os pombos são a ruína desta cidade...
- Cretinos – fulminou a senhora.
E longe dos funcionários, longe de tudo, disse:
- Meu filho morreu e se transformou em pombo.
Os funcionários calaram e ficaram pensando um tempão. Finalmente, apontando os pombos que andavam pelos céus e telhados e calçadas, propuseram:
- Senhora: por que não leva seu filho embora e deixa a gente trabalhar?
Ela ajeitou o chapéu preto:
- Ah!, não! De jeito nenhum!
Olhou através dos funcionários, como se fossem de vidro, e disse muito serena:
- Eu não sei qual dos pombos é meu filho. E se soubesse, também não ia leva-lo embora. Que direito tenho eu de separa-lo de seus amigos?
Eduardo Galeano
04 dezembro 2006
Fim*
Eu te amo como a flor ama o sol
Sem querer prendê-lo dentro dela
Como a folha sente o vento,
Consciente de que esse sopro não é só para ela
Eu te amo de um jeito
Que talvez eu nem quisesse
Te amo, amor não-perfeito,
Eterna chama que já não aquece
É triste dar um adeus?
Ah, é sim...
Mas mais triste é a obrigação
De nunca aceitar o fim
Então, eu te amo e só
Amor sozinho
Pássaro que morreu novo
Sem coragem de deixar o ninho.
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*não, não reflete o momento atual, hehe. Mas gosto dela. Aliás, gosto das minhas poesias tristes, e acho que justamente o fato de não estar triste é que me permite gostá-las :)