A dona Felicidade ia passando. Já ia além do meu jardim, quando decidi que ainda dava tempo e a chamei. Convidei para entrar. Talvez o convite tardio tenha tornado a atitude da dona Felicidade mais recatada. Muita gente já me disse que ela costuma chegar aos gritos e gargalhadas, com gestos largos, passos de dança.
Na minha casa ela foi entrando devagar. Há momentos mais extrovertidos e risadas gostosas, mas, por enquanto, ela fica ali, me olhando, sentada na sala de estar, taça de vinho na mão. Eu às vezes sinto falta da grande festa, mas quando a encaro, vale por um Carnaval.
E a dona Felicidade me parece tão à vontade que simplesmente não consigo pedir que fique, nem impedir que saia. Mas me parece que justamente a liberdade de ir é o que a tem mantido aqui.
E percebo que, se a dona Felicidade gosta de uma bagunça, ela gosta ainda mais de paz.
2 comentários:
Também conheço essa tal dona Felicidade. Realmente ela gosta de festa, mas prefere paz. Às vezes até prefere uma passageira solidão para organizar a bagunça constante que são seus pensamentos.
Adorei o texto, Bina!
Muito legal ;-)
Beijos,
Fabi.
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