03 outubro 2013

Muda

'Você tem o dom das palavras", ele disse. "Por isso é extremamente encantador quando você as perde por minha causa". Maria Luísa não respondeu. De olhos fechados, ficou esperando o abraço longo e o beijo, que não vieram.
Abriu os olhos, sabendo que ele não estava mais lá. A solidão ao seu redor não combinava com a paixão pulsante em seu peito. Fechou os olhos novamente, na esperança de ouvi-lo de novo.
Não ficou assim nem por cinco minutos. "Meu amor não pode ficar na escuridão".

02 outubro 2013

Tom sobre tom

Cada vez que te vejo ao sol eu penso:
"Teu cabelo dourado combina tão bem
com meu sorriso amarelo"

Dormente

O bichinho que vivia na cabeça de Maria Luísa gritava. "Você não devia estar aqui. Você não precisava estar aqui". O coração dela ardia. O orgulho contorcia-se.  Não um orgulho vão, mas a honra de saber-se mais.
Uma hora, foi inevitável. Em meio à neve, em meio ao gelo, ela se jogou no lago. O contato da água gelada doeu em cada pedaço, em cada poro. E ela chorou por horas, até perceber que não havia mais nada.
Anestesiada, o que sentia ao redor era apenas o silêncio. Os gritos todos ficaram apenas dentro dela.

11 janeiro 2013

Tchau, férias

Hoje é o último dia de férias. Foram só 10 dias, mas, sinceramente, foram tão intensos, tão relaxantes e tão especiais que merecem um comentariozinho. E engraçado que o último post desse blog foi há seis meses, também um balanço das férias :)

O resumo desses 10 dias cabe num verbo: redescobrir. Como as férias coincidiram com o começo de um novo ano, foi perfeito. Eu redescobri a cidade onde eu moro em todos os pontos cardeais: o suposto glamour e badalação do Norte; o Leste ainda com aquele ar selvagem, como se fosse um lado mais jovem da Ilha; o Sul, cheio de memórias, tradições e sabores e o Oeste, que pensando agora me parece ser o lado 'avó' desse lugar abençoado que nasci. Teve muito pé na areia - com bolhas, inclusive, banho de mar, vento, verde. Sozinha e bem acompanhada.

Sim, me reapaixonei de novo por essa cidade fantástica que é Florianópolis. Milagrosamente, não peguei filas nem precisei enfrentar hordas de turistas - em parte graças aos dias de mormaço em vez de sol (valeu, São Pedro!). É, dá pra entender esse povo que vem pra cá e lota a cidade. Cheguei a ter pena, mesmo, do pessoal que veio pra cá e só pegou dias feios - sem saber que há muita beleza num dia cinza quando se está aqui. É só saber onde ir :)

Redescobri amizades, redescobri livros, filmes, cores. Redescobri músicas e ritmos. Redescobri sentimentos - bons e ruins, e redescobri muitos sonhos. Depois de muito tempo sem um sonho concreto (existe isso?), hoje eu sei onde quero estar daqui a dez anos. Fechando um processo que vinha já desde o ano passado, eu tive que me render ao calendário Maia: a sensação que tenho é que o meu mundo acabou mesmo em 2012. E agora eu tenho todas as ferramentas na mão para recomeçar um novo, bonitinho e quase perfeito. Agora.