A gente pensa que ama, porque é bom estar junto, porque é bom conversar e olhar nos olhos e às vezes olha sem dizer nada e é muito bom também. A gente pensa que ama porque aprende a conhecer o outro, as suas manias, as virtudes e os defeitos, e continua sendo muito bom estar junto. A gente pensa que ama e cria um mundo de segurança e felicidade ao nosso redor.
E aí a gente pensa que há algum problema. Porque o outro já não quer te ver hoje, só amanhã, porque saiu atrasado para o trabalho e esqueceu do beijo de despedida, porque não quis abrir mão de sair com os amigos pra ficar mais um pouquinho com a gente. A gente pensa que há algum problema e cria um mundo de desconfiança e medo, medo de perder aquele que a gente pensa que ama.
E aí a gente pensa que não vale a pena amar. E começa a tentar esquecer, a achar outras distrações, a se concentrar mais no trabalho. E começa a tratar mal aquele que pensávamos amávamos e que talvez já não o amemos tanto assim.
E aí a gente se afasta. E parte em busca de uma vida longe daquilo que a gente pensava que era amor, longe daquilo que a gente pensava que era algum problema, longe daquilo que a gente pensava que não valia a pena.
Às vezes dá certo. Porque não era amor mesmo. Mas, outras vezes, não dá. E aí a gente pensa que pode esquecer mais não consegue, pensa que não era o momento certo, que não ia dar certo mesmo, mas não se convence. A gente pensa que consegue superar e tenta voltar atrás, mas o mundo de desconfiança e medo ainda está ao nosso redor (afinal, a gente continua com medo de estar fazendo tudo errado) e aí a gente faz tudo errado mesmo. Tenta não repetir os erros e repete.
Tenta entender que aquele aparente desinteresse é normal, que não se vive 100% do tempo apaixonado, mas não entende. Tenta pensar de novo que vale a pena mar e não consegue. E aí o amor, que a gente pensava que era e depois pensou que não era mas agora a gente tem certeza que é, vira uma dorzinha triste, que fica incomodando no cantinho do peito.