Querido filho,
Faz pouco começou o dia 21 de julho de 2007. Nesse dia, às 19h59min, tu completas um mês de vida. Ao contrário do que sempre imaginei, eu não estou contigo nesse momento. Ao contrário do que imaginei, teu pai também não está conosco. Não haverá visitas, nem festinha em casa. Hoje tu fazes um mês e ainda só posso te pegar no colo por cinco minutos por dia. Nem mesmo te amamentar eu posso – mas meu leite tu já tomas.
Provavelmente, quando puderes ler e entender a profundidade dessa carta, já vais ter ouvido milhares de vezes a história de como nasceste pequenino – 1.175gramas e 37 centímetros. Praticamente do tamanho de um tênis do teu pai! Mas quero te contar com detalhes o que estou sentindo agora e isso só vai ser possível se eu contar agora, pois a memória nunca é 100% confiável. E o que estou sentindo agora?
Primeiro, uma imensa alegria em ser tua mãe. Eu não só te amo, meu filho, mas te admiro muito também. Te admiro pela tua força, pela tua coragem, pela tua capacidade de, em tão pouco tempo de vida e com um corpo tão frágil, superar tantos desafios (tu não vais te lembrar, mas te repito isso todo dia).
Segundo, uma imensa saudade. Tem sido duro te deixar dormir longe de mim todos esses dias. Fora a hora da almoço, das trocas de plantão da enfermagem... Às vezes, fico com saudade até na hora em que só saio para tomar um copo d’água. É muito difícil para mim ter de sair do teu lado. Mas é preciso, para o teu bem, e é só por isso que eu suporto essa separação (se estiveres lendo o original dessa carta, escrita “à moda antiga”, verás os borrões causados pelas marcas das lágrimas de saudade que caem enquanto te escrevo).
Terceiro, sinto uma imensa gratidão. Agradeço a Deus todos os dias pela bênção de ter me dado um filho como tu. Desde que estavas na minha barriga, já me ensinavas muito. Com o teu nascimento prematuro, nem sei mais quantas lições já aprendi contigo. Já citei a força, a coragem. Mas tem também a lição da paciência, da resignação, da fé. Tu sorri pra mim mesmo quando te dói algo, e isso é um ensinamento divino. E que nunca esqueças disso, Enzo: tu também és divino. És um presente dos céus para nós, e só espero que eu esteja à altura do que mereces para essa vida. Mas essa é uma outra parte da história...
Tenho ainda um outro sentimento nesse 21 de julho de 2007. A esperança. A esperança de que teu segundo mês de vida se complete com todo o colo e carinho que tens direito: meu, do teu pai, dos teus avós e tias. Que essa fase passe rápido, para virar logo uma lembrança boa (boa sim. Tem sido difícil, mas, como eu disse, é necessário e é o melhor que podemos fazer por agora). E tenho a esperança de ser a mãe que tu mereces, que tu esperas, que tu precisas. Saiba que, assim como agora, estarei sempre contigo, da melhor maneira possível. Passo por cima da saudade, se for para o teu bem. Jesus disse:
“Onde está teu pensamento, aí está teu coração”
Logo, meu coração SEMPRE vai estar contigo...
Parabéns pelo um mês de vida. Feliz vida, meu filho...
21 julho 2007
05 julho 2007
Fiquei fora do ar
Mas vcs podem ver que foi por um ótimo motivo... :)
Dois dias depois do post abaixo, o sinal de perigo (líquido em estado crítico e exame de urina com resultado de pré-eclâmpsia), o Enzo nasceu. Como eu disse no orkut, veio antes, mas na hora certa. E desde então minha vida é para esse menino, que já me ensina tanto. Ele nasceu com 1.175kg e 37cm. Como todo nenê, perdeu peso nos primeiros dias e foi a 1.060kg. Hoje, exatamente duas semanas depois, já está com 1.390kg e 39,5cm. Está indo realmente muito bem. Já superou vários desafios e, agora, está praticamente só na engorda na UTI Neonatal. A previsão, se não houver nenhum percalço, é que leve mais uns 25 dias para ele sair de lá.
Por isso mesmo, esse blog ainda vai ficar meio abandonado... Mais uma vez, vai ser por um bom motivo!
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